Aqui divulgamos e identificamos as obras classificadas com os três primeiros prémios. Parabéns aos poetas e poetisas!
Alea
Chove fugazmente.
O mundo determina
E a obra nasce,
Como outrora.
Somos indefesos,
Quedos sob o xaile de lã da nossa mãe,
Bem junto ao seu peito, adormecidos
Pelo bater que já foi nosso também.
É tudo.
Aquele momento de conforto, de forte segurança materna,
Seria sempre de abrigo, o nosso porto,
Mesmo que a vida fosse eterna.
Chove mais intensamente.
O mundo determina
E a obra cresce,
Agora.
Vamos com as aves.
Rompendo a crisálida,
Respiramos, ofegantes,
A brisa cálida, o ar quente.
E nas nossas asas,
As penas do seu ventre.
Vera Rocha
(1º Prémio ex aequo)
O Ópio do Intelectual
Bebo um copo de vinho.
Um trago, dois tragos, três –
Até que a memória me esqueça.
Que desapareça!
A memória para nada serve;
Apenas para a história das guerras e dos reis.
Que bem que sabe o vinho!
Amargo, seco, rude –
Encho o copo outra vez.
“Que lês?”
Pergunta a voz longínqua;
A voz que só eu escuto.
“Leio o papel na minha mão.
Um escrito ingrato -
Negro de romantismos beatos.”
Brevidade nos meus actos -
Aprisiono o copo nos meus dedos;
Conduzo à boca o suco do fruto.
Sento-me no cadeirão.
Recosto-me relaxado –
Ligo o gira-discos.
Ausculto uma valsa num vinil pejado de riscos.
Porquanto não sou melómano;
Diga-se antes megalómano.
Acendo o cachimbo.
Esvoaçam baforadas de ar –
É suave, é opaco, é cativante.
Faz tudo parecer cintilante!
Mostra-nos o mundo diáfano,
Em tons de verde aquoso.
Vagueio irresolutamente:
Por aqui, por ali, por acolá –
Meu corpo flutua ondulante.
Essência narcotizante …
Sinto-me ligeiro na mente;
Sou uma linha ténue fundida no cosmos.
Sara Brites
Bebo um copo de vinho.
Um trago, dois tragos, três –
Até que a memória me esqueça.
Que desapareça!
A memória para nada serve;
Apenas para a história das guerras e dos reis.
Que bem que sabe o vinho!
Amargo, seco, rude –
Encho o copo outra vez.
“Que lês?”
Pergunta a voz longínqua;
A voz que só eu escuto.
“Leio o papel na minha mão.
Um escrito ingrato -
Negro de romantismos beatos.”
Brevidade nos meus actos -
Aprisiono o copo nos meus dedos;
Conduzo à boca o suco do fruto.
Sento-me no cadeirão.
Recosto-me relaxado –
Ligo o gira-discos.
Ausculto uma valsa num vinil pejado de riscos.
Porquanto não sou melómano;
Diga-se antes megalómano.
Acendo o cachimbo.
Esvoaçam baforadas de ar –
É suave, é opaco, é cativante.
Faz tudo parecer cintilante!
Mostra-nos o mundo diáfano,
Em tons de verde aquoso.
Vagueio irresolutamente:
Por aqui, por ali, por acolá –
Meu corpo flutua ondulante.
Essência narcotizante …
Sinto-me ligeiro na mente;
Sou uma linha ténue fundida no cosmos.
Sara Brites
(1º Prémio ex aequo)
Poeta não sou, apenas gosto de escrever!
Poeta não sou, apenas gosto de escrever!
Não sei se é jeito, não sei se é talento
Apenas sei que é com alento
Que nunca páro de o fazer!
Pego na caneta e nos pensamentos
Junto as palavras e os condimentos
Crio os verbos e os complementos
E deixo a imaginação dançar por momentos.
Não sou poeta, nem sei se algum dia serei,
Isto é tudo muito estranho, parece que foi ontem que comecei
A escrever a medo, nesta área nova e desconhecida
Nesta área nobre e reconhecida!
Não me iludo, não sou convencido
Isto é tão simples que não merece ser reconhecido!
É apenas o resultado de uma mão que não está quieta
De uma imaginação fértil, ou será produto dum poeta?
David Roques
(2º Prémio ex aequo)
Matemática do Amor!
Um mais um e já éramos dois.
Dois amores, duas vidas, duas batalhas,
duas tréguas.
Um mais um e já éramos dois
dois versos, duas chamas acesas,
duas paixões divididas.
Dois vezes dois e quatro olhos brilham
Traziam brilhos de quatro estrelas, quatros firmes braços,
Quatro mãos gentis que se uniram, quatro letras se formaram Amor.
Dançámos ao longo da vida, somámos o nosso sentimento, multiplicámos
os nossos gestos e nossos gemidos, nossos encontros.
Dois menos um e nada ficou, nada sobrou nem mais a soma
que nos acarinhou, não te sei dizer de outra forma a não ser
esta, que não vivo com o menos, se te afastas esqueço a matemática,
meu peito não aceita… dois menos um.
David Roques
(2º Prémio ex aequo)
Desfazer-me de quem sou
Há mentira na verdade
Na qual a firmeza não padece
Nesta vida de tempestade
O sol se esconde, desaparece
Olho-me no espelho, vejo alguém
Serei eu?
Nunca vi… não conheço, porém.
Como aqui apareceu?
Olho-me no espelho, vejo ninguém
Que chora na esperança de ir mais além
Mais um que caiu, e que da vida é refém
Há medo na minha coragem
Na qual a força se esgota
Nesta guerra selvagem
Vejo a minha derrota
Quero desfazer-me de quem sou
Pintar na tela
O que serei
E com a minha aguarela
Cobrir o mundo e o que farei
Quero desfazer-me de quem sou
Pintar o céu de azul, que há muito estava cinzento
Enxugar as lágrimas de quem chorou!
Dar asas ao meu pensamento
Jessica Adriana Pereira
(3º Prémio)
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