A PROPÓSITO DO DIA INTERNACIONAL DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES…
Há dias para tudo; a lista surpreende pelo misto de seriedade e futilidade. Mas há dias mais importantes do que outros, por aquilo que recordam ou celebram. Neste grupo, incluo o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares (22 de Outubro), que modestamente vem lembrar a importância que as bibliotecas das nossas escolas tiveram ou têm na nossa vida.
“Não mexam em nada”, “Não façam barulho”, “Não tirem os livros dos armários” (Como poderíamos fazê-lo se eles estavam fechados à chave?). É esta a imagem que guardo das bibliotecas dos meus tempos de aluna. Um local onde entrávamos a medo, onde íamos “consultar” (como quem vai ao médico tratar das maleitas), onde os alunos indisciplinados passavam tardes de castigo... Não havia música, nem televisão, nem computadores ; apenas livros impecavelmente alinhados que reuniam todo o saber disponível e que olhávamos com admiração, respeito … e medo de desarrumar.
Felizmente, a biblioteca mudou : tornou-se mais colorida, mais animada, mais variada, menos inacessível. Continua a ser um local de estudo e reflexão, mas também de prazer, de convívio, de diversão. Se entrarmos numa Escola Básica ou Secundária, é com agrado que vemos os alunos entrar e sair com à-vontade e liberdade de uma biblioteca cada vez mais diversificada, actualizada e atraente.
As outras bibliotecas também mudaram. Quem visita uma Biblioteca Municipal pode ficar surpreendido com a diversidade dos públicos que aí encontra, desde as crianças do Jardim de Infância que vêm ouvir histórias ou fazer fantoches, aos idosos que aí encontram os jornais e revistas que não podem comprar, a grupos de jovens que se reúnem num local agradável para ouvir música, ver um filme ou preparar um trabalho escolar.
O gosto pela leitura é como a educação das boas maneiras : deve começar no berço. Quem apanha o “bichinho” da leitura em criança, nunca mais o larga. Os gostos podem mudar, hoje a B.D., amanhã o romance ou a poesia, de Astérix e Harry Potter a Saramago, cada um pode encontrar na biblioteca , ao longo da vida, o amigo que o vai acompanhar nos bons e maus momentos. Ler não tem de ser uma maçada , mas sim um prazer partilhado, discutido, oferecido...
Num mundo dominado pela Internet, perdeu-se um pouco o gosto pelos livros. Parecem coisas do passado, objectos esquecidos nas prateleiras a ganhar pó que apenas os mais velhos (os “ciberanalfabetos”) ainda consultam… Confesso que faço parte dos que preferem folhear um dicionário a ver deslizar páginas no ecrã do computador ; um romance, nem se fala, seria para mim impensável lê-lo em versão informática!
Nem sempre leio o que quero nem quanto desejaria, mas cada vez que pego num livro sinto a mesma insaciável curiosidade da criança que de repente consegue ler sozinha e descobre um mundo novo, feito só para ela.
Se não fosse professora, gostaria de ser bibliotecária. Coisas de bichinhos…
Profª Helena Camacho
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